Terapias de Estimulação Cerebral Não-Invasiva
Estimulação cerebral não-invasiva transcraniana
O uso da estimulação cerebral não-invasiva na moderna neuropsiquiatria teve o seu início no século passado, com a electroconvulsoterapia (ECT), que, nas décadas de 1940-1950, se tornou na principal intervenção terapêutica para várias doenças mentais. Não obstante, a introdução dos psicofármacos na segunda metade do século XX fez com que a ECT e o interesse no uso de outras formas de terapias "físicas" ou "biológicas" diminuíssem.
Mas tal quadro mudou nas últimas décadas. Tanto no campo da Psiquiatria como no da Neurologia, o uso de medicamentos atingiu um patamar, seja em termos de eficácia seja nos efeitos colaterais. Neste contexto, renovou-se o uso de terapias de estimulação cerebral, em particular, as conhecidas como "não-invasivas", a que estão associados poucos ou nenhuns efeitos colaterais; acresce que as mesmas permitem uma intervenção mais focalizada, em direcção à área do cérebro que estará hipo ou hiper-funcionante. O avanço da estimulação cerebral não-invasiva apareceu, portanto, no esteio dos avanços da neurociência e da neuro-imagem, com um maior entendimento dos mecanismos fisiopatológicos dos transtornos neuropsiquiátricos.
Actualmente, duas são as técnicas que melhor representam a estimulação cerebral não-invasiva: a estimulação magnética transcraniana (EMT) e a estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC). Ambas as técnicas são não-invasivas, virtualmente isentas de efeitos colaterais e têm efeitos focalizados, ou seja, os seus efeitos restringem-se à área do cérebro que se deseja estimular ou inibir, sem afectar outras regiões cerebrais.
Estimulação Magnética Transcraniana (EMT/TMS)
A EMT foi descoberta em meados da década de 1980, passando a ser estudada em pacientes cerca de dez anos depois. A EMT utiliza uma corrente elétrica de alta intensidade que, ao passar por uma bobina, que tem a forma de "8", gera um campo magnético de alta intensidade. A bobina, ao ser colocada sobre o crânio, gera um campo magnético que atravessa a barreira óssea, donde resulta uma corrente eléctrica no cérebro. Diferentemente de uma ressonância magnética, aquele campo magnético oscila (ou seja, alterna de polaridade) ao ritmo de 1 a 20 vezes por segundo. Isto faz com que sejam gerados impulsos "lentos" (menos de 1-5 vezes por segundo) ou "rápidos" (acima de 5 vezes por segundo). Grosso modo, os impulsos lentos diminuem a actividade do cérebro, os impulsos rápidos aumentam a actividade da região cerebral.
Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC/tDCS)
A ETCC foi estudada brevemente na década de 1960, tendo sido posteriormente abandonada. Na primeira década deste século, porém, voltou a ser investigada. A ETCC utiliza uma fonte de energia de 3V-27V e gera uma corrente eléctrica contínua de baixa intensidade (1-2mA). O aparelho dispõe de um ânodo e um cátodo, que são colocados sobre as áreas do couro cabeludo que, respectivamente, se desejam estimular ou inibir. A ETCC vem sendo ainda muito estudada para o tratamento de transtornos neuropsiquiátricos.
Efeitos colaterais
Um importante aspecto da neuro-estimulação não-invasiva diz respeito à segurança. Efeitos adversos de curto prazo são mínimos e restritos ao período da estimulação.
A EMT pode irritar e provocar sensações dolorosas na superfície da pele, na medida que os nervos superficiais sensitivos da pele podem ser também estimulados. De igual forma, a estimulação periférica dos nervos motores pode levar a pequenos espasmos. Mas estes efeitos são transitórios e muitas das pessoas que têm sido submetidas a estas técnicas têm relatado que se acostumam àqueles espasmos; deixam até de senti-los, após alguns dias de tratamento.
A ETCC pode gerar a irritação de pele com vermelhidão, por estimulação periférica da pele, mas isso não leva nem a espasmos motores nem à dor.
O efeito colateral agudo mais grave já relatado consistiu numa crise convulsiva associada à EMT, mas tal aconteceu em poucos pacientes, e que já eram portadores de epilepsia ou estavam sob protocolos experimentais que utilizavam a EMT em altas doses.
Efeitos colaterais de longo prazo não foram descritos até o momento, diferentemente do relatado para a ECT, que está associada a alguns transtornos amnésticos. Pelo contrário, estudos iniciais com voluntários saudáveis têm demonstrado haver mesmo uma melhoria, após o uso da ETCC, nos testes de atenção e memória.
Aplicação
O tratamento com a estimulação cerebral não-invasiva envolve a aplicação diária da técnica, por períodos de 20 minutos, ao longo de 2 a 4 semanas, ou seja, durante 10 a 20 dias úteis. Após este período de tratamento agudo, recomenda-se em regra um tratamento de manutenção, que pode variar de 2 vezes por semana a 2 vezes por mês.
A quem serve a Estimulação com Corrente Contínua ?
A ETCC/tDCS pode ser usada no tratamento de várias patologias, entre as quais as síndromes dolorosas (fibromialgia, cefaleia, neuralgia do trigêmeo, neuralgias), tinnitus (zumbido), sequelas do acidente vascular cerebral (espasticidade, afasia, reabilitação), transtornos do humor (depressão e transtorno afectivo bipolar), transtornos de ansiedade e distúrbio de movimento.
A quem serve a Estimulação Magnética ?
A EMT/TMS pode ser usada no tratamento de várias patologias do foro neurológico e psicológico, incluindo depressão, tinnitus, sequelas do acidente vascular cerebral, dor crónica, enxaqueca, paresia e alucinação auditiva da esquizofrenia.
Exponha-nos o seu caso e teremos todo o gosto em aconselhar uma consulta para si ou para o seu familiar.
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Patologias alvo para a Estimulação Transcraniana (Eléctrica e/ou Magnética)
- estados depressivos
- transtorno afectivo bipolar
- transtornos de ansiedade
- sequelas do acidente vascular cerebral
- distúrbio de movimento
- paresia
- fibromialgia
- cefaleia
- enxaqueca
- neuralgias
- tinnitus (zumbido)
Disponibilidade
As clínicas do ILCN possuem tecnologia e técnicos credenciados para aplicação de terapias de estimulação eléctrica e magnética (tDCS e TMS).